quarta-feira, 30 de novembro de 2011

E foi-se o ano...

Acho que chega um ponto na vida de todo mundo em que esse tipo de coisa acontece.
Sabem, aquela coisa de separação, aquele sentimento de descer as escadas no escuro - será que o degrau ainda está lá? Aquilo de que cada caminho só pode ser trilhado a sós, e que, mesmo que fosse acompanhado não faria diferença - estaríamos ambos sozinhos e perdidos, um ao lado do outro.
Mais que isso, é o sentimento que bombardeia de que o mundo continuou o mesmo, o que muda é que um grupo de pessoas vai deixar de se reunir quase diariamente para fazê-lo em ocasiões tão escassas quanto... Bem, escassas.
Sei lá, acho que a ciência dos fatos não é completa por si só, falta algo, talvez o "cair a ficha" popular. Falta um desfecho.
Hoje poucos vieram, e muitos dos que eu queria me despedir não compareceram, então eu enterro um abraço no peito, junto com todo o resto.
Vou sentir saudade de cada um daqueles que fizeram-me rir, que me aceitaram nos seus grupos mesmo com minhas participações tão parcas, vou sentir saudade de verdade.
Vou sentir saudade da Aline sendo uma víbora cheia de opiniões.
Vou sentir saudade de Helena e sua boa vontade e seu sorriso contagiante toda manhã - ha-ha.
Vou sentir saudade do iPad de Carol - xD
Vou sentir saudade de Igor e suas piadas sem-graça e de nossas discussões sobre matemática.
De Luís e sua atitude de "tô nem aí pra isso mesmo", e é claro, do seu sorriso sarcástico e do bullying que fazia comigo.
Vou sentir saudade de ajudar Yuri na aula de matemática, e até mesmo das músicas que ele me passava, ou das teorias conspiratórias.
Vou sentir saudade - muita, muita mesmo- de Hannah, com seu estilo, suas frases, seu jeito "tenso" de ver a vida.
Vou sentir saudade de Maria Teresa - se não for assim que se escreve, desculpa - e suas malandragens e seus biscoitos e seus surtos - "quer brigar? A gente vai rolar aqui no chão é A-GO-RA!".
Vou sentir saudade tanta gente mais, que, por algum motivo ou outro, eu não lembro o nome, desde Vitória, que passou a falar comigo recentemente (última semana), até do pessoal do Expert.
Vou sentir falta de todos vocês.
Espero que vocês nunca me esqueçam também.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Minha aventura das três da manhã

Eu tinha acabado de ver um filme que passava na Warner, "A Esfera", e fui me deitar na cama.
Minutos se passaram lentamente, até eu perder a noção do tempo enquanto eu encarava o teto e o teto me encarava...
Então o cachorro da minha irmã - Chico - começou a latir da cozinha, preso por uma grade bem na entrada da cozinha. Eu pensei "o que faz um cachorro latir?", e minha mente tirou todas as possibilidades possíveis, e, naquele meio segundo, até fantasmas passaram na minha cabeça, apesar de eu ser um cético inveterado.
Concluí que ou não era nada ou eram ladrões.
O pensamento de que eu estivera assistindo televisão a poucos minutos, e de que eles só estavam esperando eu desligar tudo para entrarem passou pela minha cabeça voando, mas eu só o reconheci agora, enquanto escrevo esse texto.
Impressionante o que pensamos nesses momentos. Eu olhei em volta, de pé, no quarto iluminado pelo abajur e pensei em coisas absurdas e completamente aleatórias, que eu nem lembro mais.
Cogitei o perfume, o desodorante, uma maldita caneta!
Mas eu não tinha no quarto nada que pudesse me defender, e agora, acordado e pensando melhor, vejo que devo ter percebido isso mesmo no meu meio-transe, pois eu desisti da ideia pouco depois de olhar para os meus livros - muitos.
Estiquei a mão e fui à maçaneta.
Acendi a luz do quarto pensando "como raios eu vou me defender de pijamas?", mas isso não me impediu de abrir a porta do quarto. No segundo que levou para eu abrir a porta por completo e deixar a luz acesa do meu quarto irradiar o corredor escuro enquanto o cachorro latia na cozinha, eu vi a imagem clara e vivíssima do ladrão que esperava, com uma máscara e uma arma - uma faca? Mas não tinha ninguém, e eu deslizei para fora do quarto, até a cozinha, onde ele latia, e vi que ele estava bem na entrada da cozinha escura, e a parte racional da minha mente concluiu que não havia ninguém lá também, senão ele estaria encarando o invasor.
Não entrei na cozinha, mas fui até a sala de estar e acendi algumas luzes. Olhei em volta, senti, e não havia ninguém. Desliguei as luzes e fui voltando para o meu quarto, repassando na cabeça o que tinha acontecido nessa experiência banal.
No caminho, olhei para o cachorro e murmurei "controle-se", ao que ele respondeu um grunhido de cachorro.
Entrei no quarto, desliguei as luzes, sentei na cama.
A ideia de escrever sobre isso me veio nessa hora, e eu me levantei, agarrei uma caneta qualquer, e anotei numa cópia da prova do Michigan do ano passado "Escrever sobre o incidente!", e voltei para cama.
E foi assim que, até cair no sono e dormir, eu passei a noite pensando nas palavras que usaria nesse texto, das quais poucas ou nenhuma eu me lembro.



Tenham um bom resto de dia :)

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Girl, put your FUCKING RECORDS OOOOFF!

SÉRIO!
Essa música tá na minha cabeça há muito tempo!
Há mais tempo que essa música ficou quando eu vi o filme (e ela ficou por quase uma semana).
Ou será que o "just relaax, just relax" da Corinne me quer dizer algo?
Nossa, estará meu subconsciente me mandando parar e respirar? =O
=OOO

Ok, e se estiver?
Bem, recentemente eu tenho estado em bastante paz interna (exceto por certas atribulações envolvendo tortas de chantilly, jogos injustos, e expressões atônitas - atribulações que deixaram muitos detritos, de fato). Talvez eu esteja crescendo mais uma vez - "só para os lados, né, ô gordo!" -, talvez esse ano marque o fim de uma provação catastrófica que formou 90% do que me faz, bem, eu.
Mas eu me sinto bem, e eu acho que é isso a música quer dizer, não é?
"Sapphire and faded jeans
I hope you get your dreams
You go ahead let your hair down"
Pois bem, srª Rae, vou desamarrar meu cabelo curto (curtíssimo, mas nem tão curto assim) e deixá-lo cair sobre...
Ok, meu cabelo não cai, não sobe, não vai para os lados, mas, quem se importa? É só uma metáfora :)












"Oh, you're gonna find yourself somewhere...Somehow"

sábado, 5 de novembro de 2011

"Independentemente do que diga o seu confiável Timex" - Parte Três

Ela fitou o velho nos olhos, enquanto o mesmo mexia-se na poltrona com um chiado cansado, espalhando no ar o odor da idade, talvez até mesmo o da morte.
Estava perto, ela sentia. Estava perto, mas estava tão longe que nem ela mesma sabia aonde ela estava. Era como alguém que saía no meio de uma nevasca e perdia a guia. Olharia para os lados e a faixa vermelha de segurança estaria invisível. Olharia para trás, e o lugar daonde viera não passaria de uma fantasma na neve, igualmente submerso. Olharia para frente, e na frente só haveria o que havia aos lados e atrás: neve.
Lentamente, então, morreria sozinho no meio da nevasca.
Na sua cabeça veio um pensamento completamente fora de hora, mas igualmente feliz.
Talvez seja só um fantasma, afinal de contas, pensou, desesperada, e fantasmas não contam histórias. Parou e pensou melhor. Fantasmas... Sim, estes contariam as melhores histórias. Perdidas em meio às mortas bocas que já as sussurraram, apagadas em livros, cartas, textos, poemas, cadernos e diários de loucos.
Sim, os fantasmas lhe contariam as melhores histórias.
Mas ela queria ouvir? Alguém queria ouvir?
Os fantasmas jazeriam, então, cada qual com sua história morta, esperando sua vez de ser ouvido, e, mesmo que por uma última vez, atormentar aquele que ouve.
"Charlie, querida", disse o velho com a voz rasgada, como a de alguém que fumou a vida toda, "Charlie era a pessoa mais amável do mundo! Ela era daquelas que resgatam animais nas ruas, dão-nos toda a boa-vida que eles nunca tiveram, e os amava como nunca amou ninguém.
"Ora, eu nem sei se ela me amava mesmo, ou se ela só me tolerava".
Ele tosse um pouco, e se ajeita na velha poltrona, mais uma vez acendendo o odor levemente peculiar que exalava do seu corpo.
"Naquele verão, quando Joy Spring explodia nas rádios, e Clifford Brown fazia-nos sentir nas nuvens, havíamos comprado um casa só para nós - e nosso filho, Cole". Ao ouvir o nome do filho do velho, seus olhos perscrutaram as plateleiras, em busca de uma foto dele, e - a-há! -, lá estava, a imagem de um garoto espinhento, louro, um tanto baixo para a idade (uns dezessete, talvez). Ao lado da foto, havia outro, presumivelmente da mesma pessoa, mais adulta, talvez formando-se na faculdade.
O que era mesmo?
Medicina, pensou. Não sabia como ela sabia, ela só sabia.
A neve começou a cair do lado de fora, o que a fez lembrar-se do seu diálogo interior de antes, mas dessa vez ela se perguntava se ficar dentro daquele casarão seria realmente mais seguro do que arriscar-se do lado de fora, no escuro e na neve. Mas, antes que ela pudesse se fazer valer desses pensamentos, o velho recomeçou o seu contar de histórias.
"A casa não era muita coisa, isso eu posso dizer.
"Os tempos da guerra fria eram outros. Não eram de longe tão ruins quanto os da segunda guerra, mas não eram tão prósperos assim para o cidadão comum, que a gente vê nas ruas todo dia.
"Foi melhor para as grandes corporações, e para quem investia dinheiro, mas, você sabe, não? Fazia pouco tempo havíamos enfrentado as duas maiores guerras da história num sanduíche com recheio de crise, então perdoe-me por não ter estado tão confiante assim no nosso país.
"E, é claro, havia a ameaça de invasão dos sovietes. Mais tarde chegaríamos ao ponto de acusar nossos próprios vizinhos de serem comunistas por fazerem caridade!
"De qualquer forma, o verão de 54 ficou marcado no meu coração assim como no meu corpo.
"A casa - agora eu percebi que divaguei demais, querida, e peço desculpas - era aqui mesmo, mas não era essa. Na verdade a casa não era completamente nossa; nós só tínhamos pagado a primeira prestação, mas, bem, era uma casa, e era nossa, independentemente do que dissessem os papéis.
"Chegamos lá cerca de um mês antes de tudo acontecer, e, por Deus!, ela era linda. Nosso filho, ainda um bebê, tinha seu próprio quartinho que não era uma extensão do nosso, nossa cozinha era um cômodo definitivamente diferente da sala de jantar, que por sua vez também estava separado por pelo menos uma parede da sala de estar.
"Sim, era uma casa de sonhos - sonhos bem medíocres, mas pelo menos eram sonhos, e estavam realizados. Por ora".
Charlotte sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha, e um nódulo formar-se na garganta.
Sim, ela também lera nos jornais, e havia sido uma catástrofe.
O final do verão de 54 realmente tinha ficado para a história.