quarta-feira, 29 de junho de 2011

"Beneath this mask there's more than flesh"

Boa tarde, leitores ainda inexistentes!
Hoje eu estava refletindo com os meus botões, nessa quente e irritante quarta-feira, sobre alguma coisa aleatória, quando me veio uma vontade inexplicável de reassistir V de Vingança. Pois bem, eu assisti, e me peguei completamente arrastado pela história, e pelo "remember, remember" do começo do filme.
Só tenho a dizer que foi sinceramente algo revelador.
Gente, como pode um homem sem face, sem nome, sem passado, sem existência, ainda ser um homem?
"May we come up?
You find your own tree!"
É o que Edmond Dantes dizia ao final d'O Conde de Montecristo, versão preto-e-branco  de que V tanto gostava. Alguns podem se perguntar: "mas o que diabos isso tem a ver com o fato de ele ainda ter uma existência ou não?". Simples. V gostava tanto daquele filme, daquela história, ah, se há palavras para descrevê-lo, por que não usá-las? Ele gostava daquela VIDA. Edmond Dantes era um homem como ele, um homem que viveu boa parte da sua vida querendo vingança, querendo punir aqueles que haviam tomado dele tudo o que tinha.
Edmond Dantes tinha um amor também, e seu nome era Haydee, com quem ele finaliza a história.
Evey chega a comentar que se sente mal sobre Mercedes, que era sua noiva no começo do filme, pois ele se importava mais com a vingança do que com ela mesma, que é sumariamente abandonada. 
V também tinha um amor, mas ele se importava bem mais com a vingança, sua vendetta pessoal contra seus criadores, do que com Evey.
No final do filme, Evey se contenta em observar o parlamento ser destruído, ao som de Tchaikovsky.
Inspetor Finch, que agora já desistiu dos seus ideais e aceita que o país precisa de esperança, e não de um prédio, pergunta: "Quem era ele?"
E Evey:
"Ele era Edmond Dantes.
  E meu pai...
  e minha mãe.
  Meu irmão.
  Meu amigo.
  Ele era você...
  e eu.
  Ele era todos nós."

A citação no título do post é do próprio V. "Por baixo desta máscara, há mais que carne. Por baixo desta máscara há uma idéia, Mr. Creedy, e idéias são à prova de bala". Isso nos faz perguntar se V se via realmente como uma ideal semovente, ou como um homem com sentimentos.
Na minha opinião, V era muito mais que um homem com ideais. De fato, ele era muito mais do que um ideal. Mas isso não o fez não ser um homem, e, como homem, ele amou.
V de Vingança é um filme que tem muito mais conteúdo do que uma vingança. V de Vingança é um daqueles filmes que te enchem de idéias, um daqueles filmes que te fazem pensar sobre o mundo.
V de Vingança é um típico filme de uma quarta-feira cheia de marasmo.

Motivos, Motivos, Motivos


Neste exato momento, nem eu mesmo sei o porquê deste blog, só sei que É.
Por que quarta-feira? Porque esse é o pior dia da semana, um dia criado pelo próprio demônio, algo do tipo. A quarta fica bem no meio da semana, exatamente no meio, e talvez seja esse todo o seu horror: a quarta-feira prende as pessoas num limbo infernal entre dias de semana, onde tudo parece interminável e o que dá errado, dá errado. E o que dá certo, se prova errado depois.
A quarta-feira é, portanto, o dia mais cruel e impiedoso que existe, a dois dias do fim, a dois dias do começo.
Sabem de uma coisa, caros leitores por agora inexistentes? Eu gosto dela.
Por que é na quarta-feira que as coisas acontecem, o circo pega fogo, o barraco desaba, e a coisa toda vira uma bagunça.
Máscaras caem, uma a uma, ilusões são feitas e desfeitas, sonhos são venerados e espezinhados.

A quarta-feira, senhoras e senhores, é uma vadia.